As Profecias de São Columba: Uma Tradução do Livro I da Vita S. Columbae de Adomnán de Iona

Uma ilha, muitos tronos: esboço político da Irlanda de São Columba a AdomnánTotius Scotiae regnatorem: assim adjectiva Adomnán o rei Díarmait mac Cerbaill, assassinado por Áed Dub, em 565 . Esta designação corresponde ao título de rí Temro, rei de Tara2 , nunca utilizado na Vita, mas do qual foram d...

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Main Author: Figueiras, Ivan Paulo Neves
Format: Dissertation
Language:Portuguese
Published: ProQuest Dissertations & Theses 01-01-2010
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Description
Summary:Uma ilha, muitos tronos: esboço político da Irlanda de São Columba a AdomnánTotius Scotiae regnatorem: assim adjectiva Adomnán o rei Díarmait mac Cerbaill, assassinado por Áed Dub, em 565 . Esta designação corresponde ao título de rí Temro, rei de Tara2 , nunca utilizado na Vita, mas do qual foram detentores outros monarcas nela mencionados. Um deles é Áed Sláne, filho de Díarmait, presente nas listas dos reis de Tara, e a quem São Columba previne contra um peccatum parricidale, sob pena de se ver privado do trono de toda a Irlanda e reinar apenas sobre a sua gens. As fontes dizem-nos que, no ano 600, depois de assassinar o seu sobrinho Suibne , Áed partilhou o trono de Tara com Colmán Rímid. Os dois títulos não são pois necessariamente sinónimos, e o poder directo de um único rei supremo sobre toda a ilha da Irlanda nunca terá sido uma realidade, muito menos nos séculos de Adomnán e de São Columba.A unidade política de base na Irlanda alto-medieval era a túath, conceito que pode ser definido, em sentido lato, como uma comunidade essencialmente agrícola, ocupando um território por norma bem delimitado e correspondendo, na maior parte dos casos, a um mag ou, em latim, a um campus, uma planície arável. Adomnán encontrou no vocábulo latino plebs , termo que sublinha o seu carácter leigo, a tradução adequada para esta entidade. A realidade transmitida pelos textos legais irlandeses é a de uma sociedade em que cada indivíduo só possui uma identidade legal no seio da sua própria túath, à excepção dos membros da Igreja e dos poetas, os filid, uma vez que o seu estatuto não dependia da posse de terraÀ cabeça de cada um destes pequenos reinos, encontrava-se a primeira categoria de monarca prevista pelas leis, o rí túaithe, rei de uma só túath. Acima deste, o rí buiden ou rí túath, o grande rei, senhor de três ou quatro túatha. Por fim, no topo desta hierarquia, o rí ruirech, rei de grandes reis, também referido por vezes como rí cóicid, rei provincial. Cada rei, porém, não obstante a sua posição nesta hierarquia, era, antes de mais, um rí túaithe,senhor da comunidade a que pertencia, e apenas sobre ela exercia autoridade directa.A última designação, a de rí cóicid, reflecte a memória de uma alegada pentarquia da Irlanda pré-histórica, dividida em cinco grandes províncias - Ulster, Leinster, Munster, Connacht e Mide. Mas, no período que nos ocupa, esta divisão provincial repousa num ideal de tradição, que já não pode corresponder a um mapa político efectivo, sem que deixe todavia de fazer parte estruturante da forma de conceber o território na Irlanda medieval, nem de constituir um fundamento para aspirações políticas concretas.O que ao esquema que acima delineámos está subjacente é antes, nas palavras de Ó Cróinín, uma manta de retalhos composta por uma miríade de pequenos reinos assentes no conceito da túath, associando-se entre si por meio de uma lógica de subordinação contratual de reis menores a monarcas mais poderosos.
ISBN:9798382680347