Jeitos, sujeitos e afetos: participação das plantas na composição de médiuns umbandistas

Resumo A partir de um trabalho de campo de caráter etnográfico realizado em um terreiro de umbanda da capital paulista, este artigo analisa o processo de ‘tornar-se médium’ através do engajamento, contato e contágio que os adeptos estabelecem com as plantas. A narrativa se constrói com relatos de me...

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Published in:Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências humanas Vol. 12; no. 3; pp. 855 - 868
Main Author: Carlessi, Pedro Crepaldi
Format: Journal Article
Language:English
Published: 01-12-2017
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Summary:Resumo A partir de um trabalho de campo de caráter etnográfico realizado em um terreiro de umbanda da capital paulista, este artigo analisa o processo de ‘tornar-se médium’ através do engajamento, contato e contágio que os adeptos estabelecem com as plantas. A narrativa se constrói com relatos de membros iniciantes – chamados ‘médiuns em desenvolvimento’ –, mães e pais-de-santo e suas experiências de sentir, perceber e permitir a ação das plantas na composição de seus estados e modos de ser. Os relatos compartilhados nesta etnografia indicam que, ao passo que os umbandistas coletam, rezam e preparam as plantas para uso em suas práticas cotidianas, como forma também de se elaborarem (ou, numa linguagem mais próxima do terreiro, de ‘se desenvolverem’), as plantas igualmente se desenvolvem através dos homens: promovem encontros e construções a partir de suas próprias (e autônomas) habilidades. Neste processo, cabe aos humanos aceitar e ensinar aos mais novos certa percepção dos afetos promovidos pelas plantas na composição daquilo que são. Abstract This article is based on ethnographic fieldwork, carried out in an Umbanda temple placed in São Paulo city (Brazil). It analyzes the process of ‘becoming religious’ through engagement, contact and contagion that Umbanda followers set up with plants. The argument is built on reports of beginners—called ‘developing mediums’—mães and pais-de-santo and their experiences of feeling, perceiving and allowing the action of plants in the composition of their states and ways of being. The reports shared in this ethnography seek to show that, while the Umbanda followers collect, pray and prepare their plants to be used in their daily practices, as a way of self-elaboration (or, closer to the Umbanda temple language, to ‘self-develop’), the plants also develop themselves through humans: they promote meetings and constructions from their own (and autonomous) skills. In this process, it is up to humans to accept and teach the younger people a certain education and perception of affection caused by plants in the composition of what they are.
ISSN:1981-8122
2178-2547
DOI:10.1590/1981.81222017000300011