Obstáculos na procura pela esterilização feminina entre mulheres do Bolsa Família

As mulheres pobres do programa Bolsa Família são acusadas de ter mais filhos para ingressar ou permanecer no programa. Em pesquisa etnográfica (2012/2014), analisamos os relatos de cinco beneficiárias e observamos o contrário. Elas procuraram pela esterilização no serviço público de saúde de Recife,...

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Published in:Cadernos de saúde pública Vol. 33; no. 4
Main Authors: Quadros, Marion Teodósio de, Santos, Giselle Maria Nanes Correia dos
Format: Journal Article
Language:English
Portuguese
Published: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz 2017
Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz
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Summary:As mulheres pobres do programa Bolsa Família são acusadas de ter mais filhos para ingressar ou permanecer no programa. Em pesquisa etnográfica (2012/2014), analisamos os relatos de cinco beneficiárias e observamos o contrário. Elas procuraram pela esterilização no serviço público de saúde de Recife, Pernambuco, Brasil, para não ter mais filhos e enfrentaram diversos obstáculos. Dentre os impeditivos, apontaram dificuldades na contracepção reversível, bem como restrição da oferta de esterilização no serviço público de saúde, o que aumenta a procura durante o parto cesariano. O argumento de ser beneficiária do Bolsa Família é utilizado para reforçar a condição de pobreza e aumentar as chances de conseguir a esterilização, nem sempre exitoso. Apenas duas mulheres conseguiram realizar a esterilização, atribuindo o êxito à “sorte” ou à “graça de Deus”, não ao acesso a um direito. Os resultados do presente estudo sugerem que o aumento da prole não é resultante do ingresso no programa, e sim à falta de acesso a direitos reprodutivos.
ISSN:1678-4464
DOI:10.1590/0102-311x00152515