RELATO DE CASO: SUBOCLUSÃO DUODENAL COM ÍLEO PARALÍTICO POR S. STERCORALIS EM PACIENTE COM INFECÇÃO PELO VÍRUS HIV

O Strongyloides stercoralis é uma helmintíase de distribuição mundial que causa grande variedade de manifestações clínicas, desde assintomáticas a formas disseminadas. A suboclusão duodenal é uma complicação rara da hiperinfecção por S. stercoralis que decorre da migração larvária acentuada secundár...

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Published in:The Brazilian journal of infectious diseases Vol. 26; p. 102297
Main Authors: de Oliveira, Fernanda de Souza Formentin, Gomes, Andrei Pinheiro de Castro, dos Santos, Jamile Freire Barreto, Torrezini, Thaissa, Nascimento, Evelin Moura, de Araujo, José Tardelly Tavares, Rocha, Verônica de França Diniz
Format: Journal Article
Language:English
Published: Elsevier España, S.L.U 01-01-2022
Elsevier
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Description
Summary:O Strongyloides stercoralis é uma helmintíase de distribuição mundial que causa grande variedade de manifestações clínicas, desde assintomáticas a formas disseminadas. A suboclusão duodenal é uma complicação rara da hiperinfecção por S. stercoralis que decorre da migração larvária acentuada secundária a aceleração do ciclo de autoinfecção, podendo envolver desde esôfago até o intestino grosso. O diagnóstico desta complicação costuma ser difícil e tardio. Apresentamos relato de paciente com Síndrome de Imunodeficência Humana Adquirida e suboclusão duodenal com íleo paralítico por S. stercoralis. Paciente masculino, 47 anos, sem comorbidades prévias, internado com quadro de dor abdominal, diarreia líquida e hematoquezia diária. Referia astenia e perda de 13kg em 3 meses. Sorologia para HIV reagente na admissão. Endoscopia digestiva alta apresentou erosões em estômago, duodeno e esôfago sendo biopsiadas. Evoluiu com vômitos incoercíveis e hipotensão. Transferido para unidade de terapia intensiva em hospital referência de infectologia, necessitando de drogas vasoativas e antibioticoterapia. Biópsia duodenal e parasitológicos de fezes evidenciaram S. stercoralis. Tomografia computadorizada de abdômen: dilação de alças de intestino grosso e delgado. Sonda nasogástrica sob aspiração evidenciou grande resíduo gástrico e por impossibilidade de fazer ivermectina via enteral foi optado por supositório de 6mg de ivermectina por via retal. Paciente manteve deterioração clínica sendo submetido a intubação orotraqueal, embora tomografia de tórax não evidenciasse alterações. Devido a manutenção do quadro de impossibilidade de administração de medicamentos por via enteral por elevada quantidade de resíduo gástrico, manutenção de diarreia volumosa e hematoquezia que impossibilitavam absorção do supositório, foi optado por 6mg de ivermectina subcutânea diariamente, formulação veterinária, após autorização de familiares, como medida salvadora. Paciente cursou com choque séptico sem foco definido evoluindo para óbito. Pacientes imunossupressos apresentam maior risco de hiperinfecção por estrongilóide e consequentemente, de suboclusão intestinal. A indisponibilidade da apresentação de ivermectina parenteral para humanos torna desafiador o tratamento de pacientes com absorção enteral comprometida. Estudos são necessários para estabelecer vias alternativas do uso da ivermectina para pacientes com impossibilidade de receber o tratamento oral.
ISSN:1413-8670
1678-4391
DOI:10.1016/j.bjid.2021.102297