TRANSPLANTE CARDÍACO E SUPORTE HEMOTERÁPICO: PERFIL TRANSFUSIONAL EM 10 ANOS DE UM HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE NA CIDADE DE SÃO PAULO

Introdução: Grandes avanços no diagnóstico, monitorização e tratamento da Insuficiência Cardíaca (IC) foram observados nos últimos anos, porém o Transplante Cardíaco (TxC) ainda é o tratamento de escolha para a IC estágio final, com mais de 110 mil procedimentos realizados no mundo, especialmente a...

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Published in:Hematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 43; p. S407
Main Authors: FC Vieira, CG Andrade, MC Moraes, LFF Dalmazzo, SD Vieira
Format: Journal Article
Language:English
Published: Elsevier 01-10-2021
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Description
Summary:Introdução: Grandes avanços no diagnóstico, monitorização e tratamento da Insuficiência Cardíaca (IC) foram observados nos últimos anos, porém o Transplante Cardíaco (TxC) ainda é o tratamento de escolha para a IC estágio final, com mais de 110 mil procedimentos realizados no mundo, especialmente a partir da década de 1980, com o advento da ciclosporina. Essa cirurgia de alta complexidade exige o suporte gasoso e hemodinâmico da Circulação Extracorpórea (CEC) sendo, portanto, suscetíveis a perdas sanguíneas expressivas, tanto pelo uso frequente de antiagregantes plaquetários, quanto pelo tempo de perfusão e de anoxia extensos. Métodos: Levantamento retrospectivo e análise dos pacientes que foram submetidos a transplante cardíaco no período de 10 anos (2011 a julho de 2021), com e sem uso de recuperadora celular automatizada de sangue intraoperatória (Cell-Saver), em hospital de alta complexidade referência em cardiologia na cidade de São Paulo. O cálculo das unidades autólogas recuperadas nas cirurgias foi realizado considerando 1 unidade autóloga = 250 mL. Resultados: Nesse período tivemos 25 pacientes submetidos ao TxC, onde 21 eram do sexo masculino (84%) e 4 do sexo feminino (16%), com faixa etária média de 46 anos; o mais novo foi uma criança de 2 anos e o mais idoso um paciente de 72 anos. Nesse grupo, 7 dos pacientes (28%) evoluíram a óbito até 30 dias após o transplante. O total de hemocomponentes transfundidos foram de 865 unidades, com uma média de 34,6 por paciente; 2 pacientes não receberam nenhuma transfusão e o que mais recebeu totalizou 261 transfusões, durante toda a internação. O hemocomponente mais transfundido foi plaquetas (51%), seguido de concentrado de hemácia (29,2%) e plasma fresco congelado (14,9%). Em relação ao local de transfusões, tivemos 278 unid. (32%) durante o intraoperatório e 587 unid. (68%) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A autotransfusão intraoperatória foi utilizada em 15 cirurgias, com uma média de 982 mL recuperadas (242 a 1.644), que equivale em média a 4 unidades homólogas por paciente, com média de hematócrito de 69,5% e grau de hemólise 0,54%, conforme nossos registros dos controles de qualidade realizados. Conclusão: Mesmo com o avanço das técnicas cirúrgicas, uso de tromboelastografia para auxiliar no manejo transfusional, uso de recuperação intraoperatória e uma estratégica restritiva de transfusão conforme última diretriz brasileira de transplante cardíaco, ainda temos um número elevado de transfusão de hemocomponentes nos pacientes submetidos a transplante cardíaco. Isso se deve à complexidade da cirurgia, gravidade dos pacientes, uso de medicamentos que predispõe a um maior sangramento e o tempo prolongado de circulação extracorpórea. A autotransfusão intraoperatória é um grande aliado na redução de transfusão de concentrados de hemácias alogênicos. O sucesso de uma cirurgia de grande porte envolve uma excelente interação multidisciplinar dos diversos setores envolvidos, e isso inclui a equipe de hemoterapia que deve estar pronta para atender as necessidades transfusionais.
ISSN:2531-1379
DOI:10.1016/j.htct.2021.10.697