A crítica da colonização Peruana e das tensões culturais em Yawar fiesta, de José María Arguedas

• Published in: Ideação (Cascavel) Vol. 26; no. 1; pp. 72 - 91
• Main Author: Ferro Salazar Caro, Alessandra
• Format: Journal Article
• Language: English
• Published: Universidade do Oeste do Paraná - Unioeste 17-01-2024
• Subjects: Arguedas; Decolonialidade; Identidade Cultural; Sociedade Peruana
• ISSN: 1518-6911; 1982-3010
• DOI: 10.48075/ri.v26i1.31763

O encontro das culturas, como afirma Cuche (2002), não se limita às sociedades globais, mas também entre os sujeitos que compartilham o mesmo espaço social. Dessa forma, o trabalho em questão propõe analisar na obra Yawar Fiesta (2006), publicada inicialmente em 1941, pelo escritor peruano José María Arguedas, o encontro das culturas (quéchua e espanhola) nas práticas sociais que geram as desigualdades entre os grupos no Peru. O título da obra produz adorno simbólico que atravessa toda a narrativa. Mesclando enunciados em quéchua e em espanhol, o autor apresenta particularidades de ambas as culturas. Para respaldar essa investigação, utilizamos as contribuições de Cuche (2002) ao afirmar que a identidade cultural de um povo só pode ser compreendida ao estudar suas relações com os grupos vizinhos; Walter Mignolo (2005) e Aníbal Quijano (2005) ao questionar o discurso do europeu no que tange ao progresso e salvação, que conduz a uma divisão entre os povos. A metodologia utilizada para a realização do estudo se pauta na pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo. Esse trabalho traz em seu bojo os fundamentos teóricos propostos por Quijano (2005); Cuche (2002) e Walter Mignolo (2005). Os resultados revelam que o reconhecer pelas indumentárias, cores, adereços e interesses, há um sentido social e cultural simbólico, pois é o reflexo de uma sociedade dividida, classista e racista em que um determinado grupo busca preservar a identidade cultural dos antepassados, e outra a nega, por considerar “atrasada”. Dessa forma, conclui-se, que as desigualdades geradas entre os grupos no Peru foram nutridas por um discurso de desenvolvimento e, assim, comprometeu o social e o cultural.