Aquaculture Practices: A Global Characterisation and the Case Studies in the Centre-south of Portugal Revealing Changes in Species' Nutritional Composition
O crescimento exponencial verificado na população humana mundial tem vindo a colocar diversas questões acerca da capacidade do planeta em fornecer recursos que suportem a crescente procura de bens e serviços. A preocupação dominante na actualidade será tanto se existirá disponibilidade de recursos a...
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Format: | Dissertation |
Language: | English |
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ProQuest Dissertations & Theses
01-01-2017
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Summary: | O crescimento exponencial verificado na população humana mundial tem vindo a colocar diversas questões acerca da capacidade do planeta em fornecer recursos que suportem a crescente procura de bens e serviços. A preocupação dominante na actualidade será tanto se existirá disponibilidade de recursos alimentares em quantidade suficiente para uma população cada vez mais numerosa, como os processos de obtenção desses recursos e consequentes impactes ambientais.O aumento da produção de alimento de origem marinha produz impactes de grande magnitude nas populações selvagens marinhas, que são frequentemente sobreexploradas e mal geridas; a preocupação com o estado ecológico do ambiente e das populações selvagens desencadeou também o desenvolvimento da aquacultura, com principal expressão a partir dos anos 70, um pouco por todo o mundo. Começando como actividade complementar à pesca, por forma a ser possível satisfazer a procura de pescado sem aumentar a pressão sobre os stocks de pescado selvagem, a produção aquícola foi assumindo uma dimensão e importância crescentes ao longo dos anos, passando a constar de muitos programas de desenvolvimento económico. Em resultado da expansão desta actividade, o volume de pescado destinado ao consumo humano produzido em aquacultura ultrapassou, em 2013, a quantidade daquele produto capturada pela actividade pesqueira. A Ásia tem sido, nas últimas décadas, o principal produtor de espécies aquáticas. Com efeito, o continente asiático foi responsável, em 2014, por 89% do total mundial de produção aquícola, sendo que a China, por si só, produziu naquele ano cerca de 62 % do volume total produzido em aquacultura mundialmente. A Europa, por seu turno, ocupava em 2014 o terceiro lugar do ranking de produção aquícola no mundo, correspondente a 4% do total de organismos aquáticos produzido em 2014, sendo a Noruega o seu maior produtor, com cerca de 50% do total europeu.Apesar da longa tradição pesqueira de Portugal, há muito que a aquacultura é praticada no país, ainda que em pequena escala. Em Portugal, a produção aquícola centra-se essencialmente na produção de espécies marinhas, principalmente em sistemas de transição, como estuários e lagoas costeiras, utilizando métodos extensivos e semi-intensivos de produção. A produção de espécies de peixes marinhos correspondeu, em 2014, a cerca de 48% do total da produção aquícola nacional e, apesar de os sistemas semi-intensivos serem os mais comuns para a produção de peixe marinho, o volume de produção das aquaculturas em sistema intensivo ultrapassa, desde 2010, o volume de produção de peixe em sistemas semi-intensivos. No entanto, apenas o pregado(Scophthalmus maximus)é produzido intensivamente.O facto de muitas espécies marinhas, como a dourada (Sparus aurata) e o robalo(Dicentrarchus labrax),estarem bem adaptadas às condições ambientais de sistemas de transição, uma vez que os utilizam comummente como zonas de reprodução, alimentação e abrigo durante as primeiras fases de desenvolvimento, permite o seu cultivo nesses sistemas. A dourada e o robalo foram, respectivamente, a segunda e terceira espécies marinhas mais produzidas em Portugal em 2014.As unidades de produção semi-intensiva em estuários utilizam a água do sistema para o enchimento dos tanques de peixe, controlando a sua entrada e saída conforme as necessidades. O peixe é alimentado artificialmente, com recurso a rações que permitem ao produtor controlar o fornecimento de nutrientes que confiram ao produto a composição desejada. Este método de produção é, no entanto, pouco controlado, uma vez que as características da água nos tanques dependem da qualidade da massa de água envolvente. Por outro lado, não é possível controlar com total precisão a alimentação dos peixes em sistemas semi-intensivos, uma vez que a água conduzida para os tanques de produção poderá ser portadora de organismos e matéria orgânica de que os peixes poderão alimentar-se. O desenvolvimento de peixes depende, assim, não só das suas características intrínsecas, geneticamente determinadas, mas também das características dos tanques de crescimento (e.g. dimensão), dos factores ambientais e da qualidade da água. Deste modo, a mesma espécie produzida em regime semi-intensivo em sistemas estuarinos distintos poderá ter um desenvolvimento diverso que se traduzirá, previsivelmente, em diferente conteúdo nutritivo resultante da acção conjunta de todos estes factores (alimento, stress no tanque, água, parâmetros ambientais) ao ativarem genes (alelos) diferentes, que podem potenciar uma maior ou menor produção nutricional.O peixe é considerado um alimento saudável, principalmente devido ao seu conteúdo em proteína de elevada qualidade, fonte de minerais e outros nutrientes essenciais, e por constituir a principal fonte de ácidos gordos altamente insaturados para o ser humano, destacando-se o seu conteúdo em ácidos gordos ómega-3, com acção de prevenção de doenças cardiovasculares e autoimunes e necessários ao desenvolvimento e funcionalidade do cérebro e retina.O presente trabalho, além de realizar uma revisão sobre a situação e tendências da aquacultura em diferentes contextos geográficos, analisou o conteúdo nutritivo em robalos e douradas provenientes de aquaculturas em regime semi-intensivo em dois estuários portugueses (Mondego e Sado). Para a caracterização do perfil nutritivo dos indivíduos, foram recolhidos robalos e douradas no final do ciclo de produção em quatro aquaculturas, duas por estuário. Foram recolhidas amostras de tecido muscular de três indivíduos de cada espécie recolhida em cada uma as aquaculturas para cada análise bioquímica, tendo a quantificação de proteína total sido realizada segundo o método descrito por Bradford (1976), a análise do perfil em ácidos gordos por cromatografia gasosa-espectrofotometria de massa (GC-MS) e a análise de açúcares livres e polissacarídeos através de cromatografia gasosa com detector por ionização de chama (GC-FID). As principais diferenças entre as quantidades dos macronutrientes presentes nos peixes foram avaliadas através de análises de variância (ANOVA); foi ainda efectuada uma análise de componentes principais (PCA) para evidenciar os perfis em ácidos gordos dos indivíduos de ambas as espécies das diferentes aquaculturas dos dois sistemas estuarinos.A análise do conteúdo proteico não revelou diferenças significativas entre organismos de diferentes origens e a concentração de proteína total no tecido muscular dos peixes analisados mostrou ser superior ao estimado para indivíduos selvagens da mesma espécie.Relativamente à análise de ácidos gordos, verificaram-se diferenças significativas quanto ao conteúdo total de ácidos gordos saturados, monoinsaturados e altamente insaturados em robalos entre os dois estuários e entre as aquaculturas de cada estuário; em dourada foram encontradas diferenças quanto ao conteúdo em ácidos gordos saturados, monoinsaturados, poli-insaturados e altamente insaturados apenas entre estuários. A avaliação de diferenças entre ácidos gordos com maior importância para a saúde humana verificou diferenças significativas entre estuários para o conteúdo em ácido eicosapentaenóico, ácido docosahexaenóico, ácido araquinóico e ácido linoleico em ambas as espécies e apenas no conteúdo dos ácidos eicosapentaenóico e araquinóico entre aquaculturas do mesmo estuário em robalos. De um modo geral, as duas espécies criadas no estuário do Sado apresentaram maior conteúdo em ácidos gordos em relação aos organismos produzidos nas aquaculturas no estuário do Mondego. |
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ISBN: | 9798342179089 |