Camilo e Eça: O Apelo do Horror

Este capítulo introdutório fará uma breve apresentação dos pontos a tratar, bem como da respectiva articulação. Deverá, pois, servir como guia de orientação do texto, permitindo uma melhor compreensão da estrutura adoptada e dos conteúdos a explorar em cada capítulo, que, no final, deverão ser compr...

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Main Author: Rosado, Teresa Manuela Vasques Fadista da Cruz
Format: Dissertation
Language:Portuguese
Published: ProQuest Dissertations & Theses 01-01-2004
Subjects:
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Description
Summary:Este capítulo introdutório fará uma breve apresentação dos pontos a tratar, bem como da respectiva articulação. Deverá, pois, servir como guia de orientação do texto, permitindo uma melhor compreensão da estrutura adoptada e dos conteúdos a explorar em cada capítulo, que, no final, deverão ser compreendidos como um todo coeso. Conceder-se-á alguma atenção à escolha do termo horror, explicitado no título, e dos autores tratados. Sempre que necessário, far-se-á alusão a obras de outros autores, que, de algum modo, possam complementar e ilustrar determinados aspectos das literaturas gótica e fantástica.Nos capítulos seguintes, tentaremos dar uma visão histórica do romance gótico, nomeadamente, a sua emergência no contexto literário europeu e, principalmente, português, e as implicações em termos da produção literária de Camilo Castelo Branco. De entre as obras deste autor seleccionámos “Maria! Não me mates, que sou tua mãe!” (1848), “O Esqueleto” (1848), Anátema (1851), Mistérios de Lisboa (1854), “A Caveira” (1855), Livro Negro de Padre Dinis (1855), e “Maria Moisés” (1876), inserido nas Novelas do Minho, cuja análise permitirá esboçar os contornos que a literatura gótica assumiu na obra deste escritor. Ter-se-á, igualmente, em consideração a tradução que Camilo fez de A Freira no Subterrâneo (1872).Visto que a literatura fantástica é descendente directa do romance gótico, estabelecer-se-á, no terceiro capítulo, a ligação entre ambos, sendo conferida especial atenção às origens do fantástico e às características que fazem dele um género literário. Para além disso, iremos descortinar, no quarto capítulo, aspectos do fantástico em algumas obras de Eça de Queirós. Entre elas: Prosas Bárbaras (1866 / 1867), O Mistério da Estrada de Sintra (1870), O Mandarim (1880) e alguns contos.Apesar de a relação Eça / Camilo surgir, frequentemente, envolta em polémicas, divergências e críticas mútuas, é interessante atestar que ambos, numa primeira fase das suas vidas literárias, responderam ao apelo do horror (que se fez sentir, casualmente, em momentos posteriores), realizando, sob a sua égide, uma parte significativa das suas obras, ainda que sob diferentes vertentes. Este culto da imaginação, do sonho, da fantasia, do exotismo e do mórbido, pertence, na obra dos dois escritores, à comunidade do horror, imbuído de goticismo em Camilo e influenciado em Eça pelo fantástico em voga no século XIX.O horror tem sido fonte de atracção e de inspiração de escritores desde sempre, assumindo as mais variadas formas – sobrenatural, macabro e crime. A estranheza em que o horror mergulha explica o fascínio que o mesmo continua a exercer entre leitores de todas as raças e credos, pois o chamamento do desconhecido é irresistível, principalmente quando acedemos a ele através das páginas de um livro, sem ter de abandonar a tranquilidade do lar.O horror é, usualmente, associado a imagens de série B, ou seja, vampiros, múmias, mortos-vivos, monstros gigantes ou personagens como Freddie Kruger ou Michael Myers, celebrizadas pelo cinema. Deste modo, muitos leitores encaram o horror como o resultado de uma combinação entre males de origem inexplicável e a invasão do mundo racional por elementos sobrenaturais.
ISBN:9798762131605