PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE (PICS) NO MANEJO DAS COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DAS DOENÇAS FALCIFORMES: EXPERIÊNCIA DE 2 ANOS DO HEMOCENTRO UNICAMP

Objetivos: Em abril de 2021, foi instituído o Ambulatório de Terapias Complementares no Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Hemocentro UNICAMP). Os atendimentos são realizados durante uma tarde por semana por 1 médico, 1 fisioterapeuta e 1 enfermeira, com o intu...

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Published in:Hematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 45; p. S34
Main Authors: BD Benites, AA Azevedo, FGOM Manoel, E Tadini, MM Magnus, STO Saad, PM Campos
Format: Journal Article
Language:English
Published: Elsevier 01-10-2023
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Description
Summary:Objetivos: Em abril de 2021, foi instituído o Ambulatório de Terapias Complementares no Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Hemocentro UNICAMP). Os atendimentos são realizados durante uma tarde por semana por 1 médico, 1 fisioterapeuta e 1 enfermeira, com o intuito de prover terapias complementares e cuidado integrativo a pacientes com doenças hematológicas atendidos no centro. São realizadas sessões de auriculoterapia chinesa, acupuntura sistêmica, laserterapia, treino de meditação e/ou técnicas de respiração específicas e exercícios com base nos preceitos da Teoria Polivagal. Este trabalho traz os resultados relacionados especificamente aos pacientes com Doenças Falciformes (DF), grupo acometido por diversas complicações crônicas como úlceras de perna, necrose avascular, síndromes dolorosas crônicas e distúrbios neuropsiquiátricos, que impactam de forma expressiva a qualidade de vida e têm recursos terapêuticos restritos no campo da medicina alopática convencional. Material e métodos: Análise retrospectiva de prontuários de todos os pacientes atendidos nesse Ambulatório específico desde sua implementação em abril de 2021 até junho de 2023. Resultados: Desde sua implementação, o ambulatório registrou 275 consultas, atendendo 61 pacientes: 26 com Doenças Falciformes (19 HbSS, 5 HbSC e 2 com Sβ-talassemia), 27 pacientes com doenças onco-hematológicas e 2 pacientes com distúrbios da hemostasia; 6 eram cuidadores de pacientes e 4 funcionários da instituição. Em relação especificamente aos pacientes com DF, foram realizados 168 atendimentos, com a mediana de idade dos pacientes de 42 anos (19-67), sendo 18 (69%) do sexo feminino. Todos receberam auriculoterapia chinesa, associada a acupuntura sistêmica em 19 deles, técnicas de meditação em 21 dos casos (meditação com âncora ou exercícios respiratórios/pranayamas). 22 pacientes (84.6%) retornaram após a primeira consulta, com média de 4 sessões por paciente (1-18), um indicador de boa aceitação dessas práticas por essa população específica. Dos pacientes que retornaram pelo menos uma vez, foram reportados importantes benefícios nos quesitos: i) dor: algum grau de melhora em 19 (73%) dos pacientes; ii) qualidade do sono: 11 (42%); iii) humor: melhora de sintomas de ansiedade ou depressivos, redução de pensamentos ruminantes em 13 pacientes (50%); iv) diminuição objetiva na dose de analgésicos utilizadas ou de indutores do sono: 8 (30,7%) e v) sensação de aumento de energia e vitalidade: 10 (28,4%). 1 paciente apresentou resolução completa de quadro de vertigem e 1 paciente apresentou melhora expressiva do quadro de diarreia crônica (diminuição do número de evacuações em 80%). Discussão: Estes dados demonstram a factibilidade da implementação de uma clínica de cuidados complementares e integrativos dentro de um serviço público de alta complexidade. O oferecimento das técnicas terapêuticas dependeu essencialmente da formação especializada de recursos humanos aproveitando-se da infraestrutura ambulatorial já estabelecida na instituição. Conclusão: Estes resultados apontam para o importante impacto das terapias complementares e integrativas na melhora global de saúde e qualidade de vida dos pacientes com DF, preenchendo algumas lacunas de cuidado ainda existentes na medicina alopática convencional.
ISSN:2531-1379