IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA DETECÇÃO DE CASOS DE AIDS NO BRASIL
O impacto da Covid-19 no comportamento epidemiológico da infecção pelo HIV/Aids ainda não é bem conhecido. Sabe-se que a pandemia levou à diminuição do acesso aos serviços de prevenção, detecção e tratamento do HIV. O objetivo deste trabalho é identificar e avaliar esse impacto da pandemia de Covid-...
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Published in: | The Brazilian journal of infectious diseases Vol. 27; p. 103019 |
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Main Authors: | , , , , , , , , , , |
Format: | Journal Article |
Language: | English |
Published: |
Elsevier España, S.L.U
01-10-2023
Elsevier |
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Summary: | O impacto da Covid-19 no comportamento epidemiológico da infecção pelo HIV/Aids ainda não é bem conhecido. Sabe-se que a pandemia levou à diminuição do acesso aos serviços de prevenção, detecção e tratamento do HIV. O objetivo deste trabalho é identificar e avaliar esse impacto da pandemia de Covid-19 nas notificações de Aids no Brasil.
Trata-se de um estudo observacional descritivo, utilizando os dados de diagnóstico obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). O P-score foi calculado para identificar o excesso ou déficit de notificações de novos casos de Aids, permitindo analisar o impacto da pandemia de Covid-19 na detecção de Aids no Brasil. Foi calculado a partir do número de casos esperados, que corresponde à média de casos registrados nos cinco anos anteriores ao ano em análise (2015-2019), e dos diagnósticos obtidos em 2020 e 2021.
Em 2020, durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19, houve 17.258 diagnósticos de Aids no Brasil, 23% abaixo do esperado. Em 2021, apesar do aumento (19.390 casos), foi 14% abaixo do esperado. No sexo masculino, a queda foi de 21% (2020) e 11% (2021), já no sexo feminino foi de 28% (2020) e 21% (2021). Usuários de drogas injetáveis foram os que apresentaram a maior redução nos diagnósticos. A faixa etária com maior redução foi a de menores de 14 anos (-51% em 2020 e -30% em 2021). Analfabetos e aqueles que completaram até a 4ª série tiveram as maiores quedas em 2020 (41%), enquanto, em 2021, os maiores declínios foram entre aqueles com ensino fundamental incompleto: 36% (1ª à 4ª série) e 36% (5ª à 8ª série). A região Sul teve a maior queda em 2020 e 2021 (28%), enquanto o Norte foi a única a ter crescimento em 2021 (6%). Alguns estados apresentaram quedas significativas em 2021: Rondônia (23%), Maranhão (57%), Ceará (14%), Espírito Santo (32%) e Santa Catarina (31%). Acre teve a maior queda em 2020 (74%) e Amazonas o maior crescimento em 2021 (64%). Maiores quedas no número esperado de diagnósticos: Maranhão (57%), Minas Gerais (32%), Espírito Santo (32%) e Rio de Janeiro (32%).
A pandemia de Covid-19 influenciou no diagnóstico de casos de Aids no Brasil de forma desigual para as diferentes variáveis estudadas. Apesar de certa tendência de recuperação da identificação de novos casos em 2021, o real impacto só poderá ser completamente compreendido ao longo do tempo. |
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ISSN: | 1413-8670 |
DOI: | 10.1016/j.bjid.2023.103019 |