ACHADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS EM PACIENTES COM D-DÍMERO SUPERIOR A 3.000 NG/ML FEU COMO PREDITOR DA ATIVAÇÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO NA INFECÇÃO PELO SARS-CoV-2 (COVID-19)

Introdução: O complemento e a cascata de coagulação compartilham algumas proteases ativas e há uma grande quantidade de evidências mostrando sua interconexão. O D-dímero é um marcador de gravidade em COVID-19 e a ativação do complemento tem sido associada à insuficiência respiratória. Objetivo: Aval...

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Published in:Hematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 46; p. S626
Main Authors: DGM Catarino, FR Moreira, JO Bordin
Format: Journal Article
Language:English
Published: Elsevier 01-10-2024
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Summary:Introdução: O complemento e a cascata de coagulação compartilham algumas proteases ativas e há uma grande quantidade de evidências mostrando sua interconexão. O D-dímero é um marcador de gravidade em COVID-19 e a ativação do complemento tem sido associada à insuficiência respiratória. Objetivo: Avaliar se a presença do D-dímero aumentado pode ser preditor da ativação do complemento em pacientes com COVID-19 e descrever as características clinicas e laboratoriais desses pacientes. Método: Cinquenta pacientes internados com COVID-19, confirmados por RT-PCR, e dímero D maior que 3.000 ng/mL de FEU foram recrutados em 2021 após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Resultados: A mediana do tempo decorrido desde o início dos sintomas até a coleta de sangue foi de 15 dias (13,0; 19,0 dias), 72% sexo masculino, idade mediana de 62 anos (53,8; 68,0), 52% hipertensos, 46% obesos, 34% diabéticos, 26% cardiopatas, 10% asmáticos e 6% com diagnóstico prévio de neoplasia. A amostra foi em 3 grupos de acordo com o perfil de ativação do SC: Grupo 1 (G1) ‒ CH50 e AH50 normais; Grupo 2 (G2) ‒ ativação do CH50 e AH50 normal; Grupo 3 (G3) ‒ ativação de AH50 com ou sem alteraçãode CH50. Observou-se diferença estatisticamente significante entre as medianas de CH50 (p < 0,001), AH50 (p < 0,001); C3 (p = 0,023) e C4 (p = 0,041) entre os 3 grupos independentes. No teste de comparações múltiplas houve diferença significativa no CH50 entre G1vsG2 (p < 0,001); G1vsG3 (p = 0,005) e G2vsG3 (p = 0,002). Em relação à AH50 a diferença foi observada em G1vsG3 (p < 0,001), G2vsG3 (p < 0,001) e para C3: G2vsG3 (p = 0,038). Também há diferença estatisticamente significante entre a mediana da contagem de leucócitos (p < 0,001) e neutrófilos (p < 0,001) entre os 3 grupos independentes, sendo maior nos grupos com ativação do complemento (G2 e G3) em relação ao G1. A mediana do dímero-D, ferritina e haptoglobina foi menor no G2 em relação ao G1 e G3, enquanto fibrinogênio, IL-6 e plaquetas foram maiores. A linfopenia foi mais pronunciada no G3. Não se observou diferença estatisticamente significativa nas proporções de trombose confirmada comparadas entre os grupos G1, G2, G3 (p = 0,353); porém houve associação significativa entre a necessidade de suporte respiratório invasivo e a variável grupos segundo teste exato de fisher (p = 0,0109). A proporção de óbito foi de 32,1%, 11,1% e 25,0% nos grupos G1, G2, G3 respectivamente e na amostra total foi observado diferença estatisticamente significativa em relação à dosagem de fibrinogênio (p = 0,0093); haptoglobina (p = 0,0082) e na dosagem linfócitos (p = 0,0244) em relação ao desfecho vital. Em análise de correlação com toda a amostra, foi observado correlação estatisticamente significative e inversamente proporcional entre o D-dímero e Trombomodulina (TM) e D-dímero e C2; e correlação proporcional positiva entre CH50 e AH50; TM e fibrinogênio, C3 em relação à AH50, CH50, C2, C4, C5, fator H e haptoglobina, entre ferritina e haptoglobina, e fator H e fibrinogênio. Discussão: A identificação dos 3 grupos de pacientes de acordo com CH50 e AH50 demostra um perfil não uniforme de ativação do complemento que, quando ativado, apresentou maior tendência de eventos tromboembólicos e necessidade de suporte ventilatório invasivo, especialmente com a via alternativa ativada. Conclusão: O D-dímero superior a 3.000 ng/mL de FEU demostrou ser um marcador interessante para a pesquisa da ativação do complemento. Com esses dados, medicamentos inibidores do complemento poderiam ser utilizado de modo mais assertivo na COVID-19 e, possivelmente, em outras infeções virais, com possíveis benefícios clínicos para esses pacientes em relação à morbi-mortalidade da doença.
ISSN:2531-1379
DOI:10.1016/j.htct.2024.09.1050