RELATO DE CASO DE NECROSE TECIDUAL DE PROGRESSÃO RÁPIDA CAUSADA POR ASPERGILOSE ANGIOINVASIVA
Objetivo: Relatar necrose tecidual de progressão rápida causada por Aspergilose, visto que o padrão da evolução é mais comum na infecção por mucormicose para a qual a abordagem cirúrgica tem maior importância. Caso clínico: Trata-se de paciente M.A.B, 63 anos, internado na Santa Casa de São Paulo co...
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Published in: | Hematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 46; p. S396 |
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Main Authors: | , , , , , , , , |
Format: | Journal Article |
Language: | English |
Published: |
Elsevier
01-10-2024
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Summary: | Objetivo: Relatar necrose tecidual de progressão rápida causada por Aspergilose, visto que o padrão da evolução é mais comum na infecção por mucormicose para a qual a abordagem cirúrgica tem maior importância. Caso clínico: Trata-se de paciente M.A.B, 63 anos, internado na Santa Casa de São Paulo com diagnóstico de leucemia mieloide aguda minimamente diferenciada secundária à neoplasia mieloproliferativa crônica inclassificável, diagnosticada em 01/07/24. Realizada quimioterapia de indução com protocolo 7+3 (citarabina e daunorrubicina) adaptado com associação de venetoclax por 7 dias, início em 04/07/2024. No décimo primeiro dia de tratamento, paciente apresentou febre e tosse seca, foi diagnosticada com neutropenia febril sendo introduzida antibioticoterapia de amplo espectro. A tomografia de tórax evidenciou focos consolidativos com broncogramas aéreos e a tomografia de seios da face, densificação em septo nasal sem sinais de sinusopatia. Após 48 horas, paciente queixou-se de congestão nasal, foi realizada tomografia contrastada e, então, diagnosticada com abscesso septal, sendo proposta abordagem cirúrgica para tratamento. Devido pancitopenia importante, a abordagem foi postergada e manteve-se acompanhamento com exames de imagem que evidenciaram piora e surgimento de aspecto necrótico em região septal. Evoluiu também com dermatose nasal que foi biopsiada no dia 25/07/2024. O resultado do anatomo-patológico fecha diagnóstico como Aspergilose, laudando “Pesquisa para fungos pelo método PAS e Grocott resultou positiva sugestiva de aspergilose. Exibindo estruturas alongadas dentro dos vasos, sugestivo de infecção fúngica. Tecido fibroso com processo inflamatório crônico em atividade”. O quadro progrediu com necrose em dorso de nariz de forma acelerada mesmo em vigência de Voriconazol, tendo o tamanho da lesão estagnado após quinto dia de tratamento. Paciente não cursou com instabilidade. Discussão: A aspergilose pode manifestar-se como sinusite fúngica invasiva e a incidência de necrose tecidual depende da profundidade da invasão fúngica e do estado imunológico do paciente, estando os com neutropenia prolongada entre os mais vulneráveis. A necrose ocorre devido à invasão de vasos sanguíneos pelas hifas septadas de Aspergillus, resultando em trombose e isquemia tecidual. A aspergilose invasiva é menos propensa a causar necrose significativa da rinofaringe se comparada com a mucormicose, que apresenta-se de forma mais agressiva e tem a necrose como característica dominante da apresentação clínica do acometimento rinocerebral. A rápida identificação e tratamento são cruciais para melhorar o prognóstico em ambos os casos, porém na necrose tecidual por aspergilose a abordagem cirúrgica não é sempre indicada como na mucormicose. Isso acontece porque o Aspergillus é geralmente mais suscetível aos antifúngicos disponíveis, como voriconazol e anfotericina B, que são eficazes na redução da carga fúngica e na resolução da infecção sem abordagem cirúrgica. Conclusão: O diagnóstico precoce é essencial para definição do prognóstico do paciente, isso porque a sinusite fúngica invasiva por Aspergillus caracteriza-se como um quadro grave porém, seu principal diagnóstico diferencial, a mucormicose é ainda mais agressiva e letal. A identificação do agente permite o uso da terapia adequada e a decisão inicial sobre abordagem cirúrgica, essencial na necrose tecidual por mucormicose e necessária apenas em casos selecionados na necrose por aspergilose. |
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ISSN: | 2531-1379 |
DOI: | 10.1016/j.htct.2024.09.666 |