A Pessoa Medicada e o HIV/AIDS: Subjetividade, Adesão ao Tratamento e Biopolíticas

O objetivo deste artigo é interrogar as implicações do uso da medicação no processo de subjetivação das pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) e a adesão ao tratamento. Problematizou-se o lugar central da medicação no discurso da saúde sobre o tratamento dessas pessoas. Trata-se de uma pesquisa qualita...

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Published in:Revista Subjetividades Vol. 15; no. 3; pp. 375 - 388
Main Authors: Ricardo Delgado Marques de Lima, Maria Cristina Lopes de Almeida Amazonas, Luciana Leila Fontes Vieira
Format: Journal Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de Fortaleza 01-07-2016
Subjects:
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Summary:O objetivo deste artigo é interrogar as implicações do uso da medicação no processo de subjetivação das pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) e a adesão ao tratamento. Problematizou-se o lugar central da medicação no discurso da saúde sobre o tratamento dessas pessoas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa. Utilizou-se de entrevistas semiestruturadas, com a pergunta disparadora: “como é, para você, viver com o HIV/Aids?”. Foram entrevistados 6 sujeitos, sendo 2 mulheres e 4 homens, todos eles usuários de um SAE (Serviço de Atendimento Especializado em DST/Aids) no Recife-PE. Utilizou-se uma amostragem acidental e intencional. A referência tomada para construir uma teorização a partir dos achados foi inspirada no pensamento de Michel Foucault, especialmente na genealogia do sujeito. Aponta-se como Foucault não possui instrumentos prontos para conduzir suas pesquisas. O que faz são inquirições empíricas precisas sobre áreas e campos muito específicos, sem pretensões globais ou gerais sobre seus campos de estudo. Realizou-se uma analítica do sujeito, e não uma análise do discurso no formato tradicional, que deve ser compreendida como a problematização de processos de subjetivação que se dão pela articulação entre regimes de verdade e formas éticas de relação consigo e com o outro, uma genealogia do sujeito. Destacam-se os referenciais ao biopoder e à biopolítica nesses processos de subjetivação de PVHA. A Aids parece ter circulado como um discurso e serviu como experiências que participaram na formatação de sujeitos, produzindo corpos dóceis e operacionalizando uma governabilidade sobre o corpo individual e da população. Essa gerência da vida fica bem evidente na adesão ao tratamento, observando-se o discurso médico-científico coordenando as formas de subjetivação das PVHA e suas maneiras de conduzir seus tratamentos, o uso da medicação e a adesão, mostrando como o discurso sobre a Aids foi articulado por vários dispositivos e passou a governar a vida.
ISSN:2359-0777
DOI:10.5020/23590777.15.3.375-388