ALENTUZUMABE ASSOCIADO A CICLOSPORINA E ELTROMBOPAGUE EM PRIMEIRA LINHA PARA ANEMIA APLÁSICA MUITO GRAVE (AAMG): RELATO DE CASO

Objetivo: Descrição de caso de tratamento de primeira linha para anemia aplásica muito grave (AAMG) com alentuzumabe como estratégia de linfodepleção. Métodos: Relato de caso descritivo e observacional, com consentimento livre e esclarecido da paciente. Resultado: Paciente feminina, 61 anos, com ant...

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Published in:Hematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 46; pp. S112 - S113
Main Authors: RAF Machado, ML Puls, BA Souza, CFM Ferreira, EL Rosa, CD Liz, PHA Moraes, RS Szor, VC Molla, C Arrais-Rodrigues
Format: Journal Article
Language:English
Published: Elsevier 01-10-2024
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Description
Summary:Objetivo: Descrição de caso de tratamento de primeira linha para anemia aplásica muito grave (AAMG) com alentuzumabe como estratégia de linfodepleção. Métodos: Relato de caso descritivo e observacional, com consentimento livre e esclarecido da paciente. Resultado: Paciente feminina, 61 anos, com antecedentes de esclerose sistêmica forma limitada (esclerodactilia, disfagia, constipação, pneumonite intersticial, telangiectasias, hipomotilidade do corpo esofágico) e hipertireoidismo tratado com tireoidectomia há cerca de 5 anos. Em novembro de 2022, foi medicada com penicilamina contínua por reumatologista, interrompendo o uso do medicamento ao iniciar episódios de estomatites de repetição e fadiga progressiva. Hemograma inicial: Hb 6,2 g/dL, leucócitos 1.050/mm3, segmentados 105/mm3, plaquetas 15.300/mm3, reticulócitos 7.800/mm3. Avaliação laboratorial adicional descartou causas comuns. Avaliação medular mostrou redução global das três séries hematopoiéticas e intensa hipocelularidade (5%), sem sinais de displasia; imunofenotipagem (IFT) medular sem população anômala; FISH painel para neoplasias mieloides sem alterações; e cariótipo sem crescimento de metáfases. Pesquisa de imunofenotipagem para hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), comprimento telomérico, teste DEB (dietoxibutano) e painel de pesquisa de mutações germinativas resultaram normais. Foi diagnosticada AAMG possivelmente induzida por droga. Mesmo após suspender penicilamina por mais de 45 dias, não houve melhora das graves citopenias. Foi indicada terapia de primeira linha com ciclosporina, eltrombopague (EPAG) e alentuzumabe em dose escalonada por 5 dias (dose total 103 mg via subcutânea) em ambulatório, sem necessidade de internação. A paciente evoluiu com melhora progressiva das citopenias, apresentando, dois meses pós-tratamento, Hb 7,8 g/dL, neutrófilos 1999/mm3 e plaquetas 33.600/mm3. Após doze meses do início do tratamento e mantendo EPAG, a paciente segue clinicamente bem, com citopenias em franca melhora: Hb 11,6 g/dL, neutrófilos 1649/mm3, plaquetas 103.000/mm3. Discussão: A anemia aplásica induzida por droga ainda é pouco compreendida. Há evidências de que determinados medicamentos possam atuar como gatilho para disfunção imune e que o tratamento imunossupressor seja capaz de atingir respostas hematológicas. Para pacientes com AAMG com idade superior a 40 anos, a maioria dos serviços recomenda a terapia tripla (timoglobulina de cavalo, CsA, EPAG) como abordagem de primeira linha, reservando o alentuzumabe para pacientes sem resposta adequada a uma ou duas tentativas da terapia tripla. No Brasil, a timoglobulina de cavalo não está disponível e a timoglobulina de coelho, que está disponível, é associada a baixa taxa de resposta. Conclusão: Descrevemos um caso de AAMG no qual a substituição de timoglobulina de cavalo ou de coelho por alentuzumabe ambulatorial e SC em combinação com CsA e EPAG na primeira linha atingiu ótima resposta clínica e laboratorial. Tal tratamento pode ser uma alternativa viável ao tratamento com timoglobulina de coelho na indisponibilidade da timoglobulina de cavalo em países como o Brasil.
ISSN:2531-1379
DOI:10.1016/j.htct.2024.09.188