Do território à territorialidade: construção do espaço do Assentamento do MST Lagoa do Junco em Tapes, RS
O artigo discute e analisa aspectos relacionados ao território e à territorialidade constituída pelas famílias de agricultores no Assentamento Lagoa do Junco, que há 23 anos estabeleceram-se no município de Tapes, no estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Os dados apresentados no estudo integram...
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Published in: | Confins : revue franco-brésilienne de géographie Vol. 43 |
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Main Authors: | , |
Format: | Journal Article |
Language: | English |
Published: |
Confins
2019
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Subjects: | |
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Summary: | O artigo discute e analisa aspectos relacionados ao território e à territorialidade constituída pelas famílias de agricultores no Assentamento Lagoa do Junco, que há 23 anos estabeleceram-se no município de Tapes, no estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Os dados apresentados no estudo integram uma pesquisa mais ampla, desenvolvida na dissertação de Mestrado Profissional em Ambiente e Sustentabilidade da UERGS, cujo escopo foi a elaboração e a confrontação das representações sociais sobre os Sem Terra, o MST e o Assentamento, a partir de três fluxos de dados. Nestes, a partir dos conteúdos apreendidos nas entrevistas com assentados, as temáticas sobre território e territorialidade emergem como relevante categoria de análise. No processo de territorialização, os assentados, que integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), passaram a ressignificar o espaço ocupado. Esse território, além de uma conquista coletiva, de terra e trabalho, foi incorporado como identidade para os assentados, integrando-se à identidade dos Sem Terra, conservada por eles após décadas. Evidencia-se, assim, uma territorialidade que privilegia aspectos subjetivos e simbólicos. A cooperação revela-se como dimensão fundamental que se estabelece como uma força de luta, identitária e de trabalho, por parte dos assentados. Destaca-se, ainda, um sentimento de realização expresso pelos assentados quando se remetem ao trabalho desenvolvido. Por meio da produção, foi-se transformando a visão das pessoas da cidade sobre o Assentamento, a partir da apresentação, comercialização e consumo de alimentos. Um trabalho coletivo, que vem evoluindo no sentido de uma produção que privilegia a sustentabilidade, para o ambiente e para as pessoas.
Cet article discute et analyse les aspects relatifs au territoire et à la territorialité constituée par les familles d'agriculteurs de l'Assentamento Lagoa de Junco qui, il y a 23 ans, s'établirent dans la Municipalité de Tapes, dans le Río Grande do Sul. Les données présentées par l'étude intègrent une recherche plus large, développée dans le cadre du mémoire du Master Professionnel en environnement et développement de l'UERGS, dont le champ d'étude portait sur l'élaboration et la confrontation des représentations sociales sur les Sans Terre, le Mouvement des Travailleurs Ruraux Sans Terre (MST) et l'Assentamento, à partir de trois flux de données. Dans ces cas, à partir du contenu recueilli des entretiens avec les assentados, émergent les thématiques sur le territoire et la territorialité comme une catégorie d'analyse pertinente. Dans le processus de territorialisation, ces assentados, qui intègrent le MST, ont commencé à resignifier l'espace occupé. Ce territoire, au-delà d'une conquête collective de terre et de travail, a été incorporé en tant qu'identité pour les assentados, intégrant leur identité de Sans Terre, maintenue depuis des décennies. Ainsi, il en ressort une territorialité qui privilégie des aspects subjectifs et symboliques. La coopération se révèle comme une dimension fondamentale s’établissant comme une lutte identitaire et de travail de la part des assentados. Cela met également en évidence un sentiment d'accomplissement exprimé par les colons en se référant au travail développé. Au cours de la production, l'opinion de la ville sur et l'Assentamento a été transformée par la présentation, la commercialisation et la consommation d'aliments. Il s’agit d’un travail collectif, qui a évolué vers une production qui privilégie la durabilité environnementale et sociale.
This article discusses and analyzes aspects related to the territory and territoriality constituted by the families of farmers from Lagoa do Junco settlement, which for 23 years have been established in the city of Tapes, in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. The data presented in the study of case integrate a broader research developed in the dissertation of Professional Masters in Environment and Sustainability of UERGS, whose scope was the elaboration and the confrontation of the social representations on the Landless, the MST and the Settlement, from three data streams. In these, from the contents seized in the interviews with settlers, the themes on territory and territoriality emerge as relevant category of analysis. In the process of territorialization, the settlers, who are part of the Movement of Landless Rural Workers (MST), have begun to re-signify the occupied space. This territory, as well as a collective conquest of land and labor, was incorporated as an identity for the settlers, integrating the identity of the Landless people, which they have preserved for decades. Accordingly, a territoriality that emphasizes subjective and symbolic aspects is evidenced. Cooperation is revealed as a fundamental dimension which establishes itself as a combat force, identity and work, on the part of the settlers. It also stands out a sense of accomplishment expressed by the settlers when referring to the work developed. Through production, the vision of the people of the city was transformed from the presentation, marketing and consumption of food. A collective work that has been evolving towards a production that privileges sustainability, the environment and people. |
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ISSN: | 1958-9212 1958-9212 |
DOI: | 10.4000/confins.24552 |