Javalis no Pampa: invasões biológicas, abigeato e transformações da paisagem na fronteira brasileiro-uruguaia
Resumo: Neste artigo, discutimos algumas reações sociais e simbólicas ao processo de invasão biológica conduzido por suínos ferais da espécie Sus scrofa (javalis e seus híbridos com porcos domésticos) na região de fronteira brasileiro-uruguaia desde um ponto de vista etnográfico. A partir das conexõ...
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Published in: | Horizontes antropológicos Vol. 23; no. 48; pp. 75 - 98 |
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Main Authors: | , |
Format: | Journal Article |
Language: | English |
Published: |
01-08-2017
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Summary: | Resumo: Neste artigo, discutimos algumas reações sociais e simbólicas ao processo de invasão biológica conduzido por suínos ferais da espécie Sus scrofa (javalis e seus híbridos com porcos domésticos) na região de fronteira brasileiro-uruguaia desde um ponto de vista etnográfico. A partir das conexões estabelecidas pelos agentes locais entre o javali e outros entes da paisagem pampiana, como o ladrão de gado, o eucalipto australiano e a gramínea africana conhecida como capim-annoni (Eragrostis plana Nees), sugerimos que o suíno feral e sua agência são metonímicos de processos socioambientais mais amplos, ligados às transformações que a paisagem pampiana vem sofrendo nas últimas décadas. Nesse sentido, defendemos que a espécie invasora manifesta tensões mais amplas, concernentes às relações de propriedade e trabalho no meio rural, assim como se constitui como índice mais recente da lenta decadência de um modo de vida bastante específico: a pecuária extensiva sobre campos nativos, antigo pilar da ruralidade gaúcha.
Abstract: In this article, we discuss some symbolic and social reactions to a biological invasion process carried by feral pigs of the species Sus scrofa (European wild boars and its hybrids with domestic pigs) in the Brazilian-Uruguayan border from an anthropological point of view. Based on connections established by local agents between boars and other entities of the landscape such as cattle rustlers, Australian eucalyptus and the South-African lovegrass (Eragrostis plana Nees), we suggest that feral pigs and their agencies are metonymic for broader socio-environmental tensionalities, which are in turn linked to the deep transformations the pampean landscape has undergone in the last decades. In this sense, we argue that the invasive species manifests broader tensions concerning labour relations and landownership, as well as it stands as the most recent manifestation of the slow decadence of extensive ranching on natural grasslands, formerly the very core of Southern Brazilian rurality. |
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ISSN: | 0104-7183 0104-7183 |
DOI: | 10.1590/s0104-71832017000200004 |