Representações sociais do consumo de carne em Belo Horizonte

O presente estudo objetivou identificar as representações sociais do consumo de carne em Belo Horizonte, MG, adotando-se a metodologia qualitativa. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com 34 frequentadores do Mercado Central de Belo Horizonte, as quais foram analisadas por meio da técnica de a...

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Published in:Physis (Rio de Janeiro, Brazil) Vol. 22; no. 1; pp. 365 - 383
Main Authors: Barros, Guilherme Santiago de, Meneses, José Newton Coelho, Silva, José Ailton da
Format: Journal Article
Language:English
Published: 2012
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Description
Summary:O presente estudo objetivou identificar as representações sociais do consumo de carne em Belo Horizonte, MG, adotando-se a metodologia qualitativa. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com 34 frequentadores do Mercado Central de Belo Horizonte, as quais foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo. Verificou-se que, majoritariamente, o gosto pela carne é representado como uma construção cultural e que ela ocupa o papel central das refeições, servindo, inclusive, de elemento para coesão social. O hábito de abstinência da carne no período da Quaresma mostrou-se esvaziado do significado original, perpetuando-se como simples tradição ou norma católica. Observou-se que a carne vermelha em várias ocasiões tem a ela atribuída, exclusivamente, o significado de "carne". Quanto à saúde, houve grande diversidade de representações, sendo o consumo de carne representado como saudável ou não saudável dependendo da circunstância. Igualmente, quando em evidência seu preço, ela transitava de item necessário para opcional. A carne foi fortemente identificada como fonte de proteína e a carne branca considerada mais saudável que a vermelha. A de porco foi representada como gordurosa e potencial transmissora de doenças. As representações sociais do consumo da carne, em geral, mostraram-se independentes das representações dos animais de produção. Espera-se dos profissionais de saúde a consideração da complexidade e importância do fator cultural do consumo da carne para não correrem o risco de suas ações serem pautadas num tecnicismo reducionista. Os resultados obtidos também podem ser úteis tanto para a indústria da carne quanto para defensores do seu não consumo. The goal of this study was to identify social representations of meat consumption in Belo Horizonte-MG, through qualitative methodology. Semi-structured interviews were conducted with 34 Belo Horizonte Central Market goers and analyzed based on the content analyze technique. It was verified that the taste for meat is mainly represented as a cultural construction and also that meat takes a central part on meals, sometimes working as an element of social cohesion. The Lenten abstinence from meat showed to be emptied of its original meaning, perpetuating itself as a simple tradition or Catholic Church norm. It was observed that in several occasions red meat contained the meaning of "meat" exclusively in itself. There were several representations towards health, being meat consumption represented as being healthy or not healthy depending on the circumstance. Furthermore, when costs were approached, meat transited from a necessary to an optional item. Meat was strongly identified as a source of protein and white meat was considered healthier than red meat. Pork meat was represented as fatty and as a potential disease carrier. In general social representations of meat consumption were shown to be independent of the representations of farm animals. It is expected from health professionals to take into account the complexity and importance of the cultural factor in the meat consumption in order to mitigate the risk of guiding their actions based on a reductionist technicality. Results may also be useful to meat industry as well as to non-consuming defenders.
ISSN:0103-7331
0103-7331
DOI:10.1590/S0103-73312012000100020