ANTÍGENOS DE HISTOCOMPATIBILIDADE HLA-B15, HLA-B18 E HLA-A30 SE RELACIONAM COM SUSCEPTIBILIDADE À COVID-19 E TÍTULOS DE ANTICORPOS NEUTRALIZANTES

Genes imunorrelevantes podem ser destacados como potenciais marcadores preditivos da COVID-19. O sistema imunológico, ao detectar a presença do antígeno, inicia a produção de anticorpos. O título de anticorpos é variável e a relação entre títulos de IgG e IgM com a severidade da doença não está eluc...

Full description

Saved in:
Bibliographic Details
Published in:Hematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 45; pp. S643 - S644
Main Authors: JV Facco, M Addas-Carvalho, RT Basting, VA Costa, AB Zangirolami, ASS Duarte, ACG Mateus, EG Guariento, BD Benites, ST Olalla-Saad
Format: Journal Article
Language:English
Published: Elsevier 01-10-2023
Online Access:Get full text
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
Description
Summary:Genes imunorrelevantes podem ser destacados como potenciais marcadores preditivos da COVID-19. O sistema imunológico, ao detectar a presença do antígeno, inicia a produção de anticorpos. O título de anticorpos é variável e a relação entre títulos de IgG e IgM com a severidade da doença não está elucidada. Alguns estudos demonstraram potencial associação entre polimorfismos em genes de classe I do complexo principal de histocompatibilidade (MHC), Antígeno Leucocitário Humano (HLA), e a suscetibilidade ao SARS-CoV-2. O objetivo deste trabalho foi verificar potenciais associações entre genes imunorrelevantes e títulos de anticorpos neutralizantes na COVID-19. Foram recrutados 135 indivíduos com testes sorológicos positivos para SARS-CoV-2, com base nos dados das amostras já submetidas a teste de neutralização quantitativa em estudo prévio realizado por nosso grupo. Os materiais biológicos para esta pesquisa foram coletados previamente ao surgimento de vacinas, de modo que as atuais estratégias de imunização não interferiram nas respostas imunológicas. Os doadores foram divididos, de acordo com o título de anticorpos neutralizantes apresentado na base de dados, em dois grupos: alto título (≥1:160) e baixo título (<1:160). Após assinatura de TCLE, os doadores responderam um questionário para aquisição de dados sociodemográficos e avaliação do quadro clínico, seguido da coleta de sangue periférico para as análises. Foram pesquisados polimorfismos nos genes HLA-A, HLA-B e HLA-DRB1 do complexo de antígenos de histocompatibilidade, realizados em DNA genômico extraído de sangue periférico utilizando formol-clorofórmio e submetido a PCR-SSO (kit HLA-Biometrix Diagnosis), com posterior análise no equipamento Luminex. A prevalência de alelos dos genes HLA-A, HLA-B e HLA-DRB1 na população do estudo foi comparada com a prevalência destes genes na população cadastrada no Registro de Doadores de Medula Óssea (REDOME) no estado de São Paulo (n = 800809), disponível na base de dados Allele Frequency Net Database. As prevalências de alelos entre os grupos alto título e baixo título também foram comparadas. Os dados foram avaliados por teste Z de igualdade de proporção para duas amostras. Os resultados demonstraram que o polimorfismo HLA-B*15 apresenta maior prevalência na população com teste positivo para COVID-19 (COV) do que na população controle (CTRL) (COV = 0,1370; CTRL = 0,0875; p = 0,004). O polimorfismo HLA-B*18, por sua vez, teve menor prevalência na população COV em comparação com a CTRL (COV = 0,0185; CTRL = 0,0534; p = 0,01). Além disso, ao comparar a prevalência de alelos entre os grupos alto título (ALTO) e baixo título (BAIXO), verificou-se que o polimorfismo HLA-A*30 foi mais prevalente no grupo com títulos de anticorpos mais altos (ALTO = 0,10937; BAIXO = 0,02816; p = 0,008). Os demais polimorfismos não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. A associação entre HLA-B*15 e quadros assintomáticos de COVID-19 está descrita na literatura, corroborando os resultados de nosso grupo. O HLA-B*18 está associado com a proteção contra transmissão materna do vírus da imunodeficiência humana-1 e o HLA-A*30 está relacionado à maior susceptibilidade à infecção por Trypanosoma cruzi, carecendo de informações acerca de suas interações com o SARS-CoV-2. Os resultados obtidos chamam atenção para a participação destes alelos na fisiopatologia da COVID-19, mas ainda são necessários estudos laboratoriais para elucidação dos papéis desempenhados por estes genes.
ISSN:2531-1379