Intoxicação por Cnidoscolus phyllacanthus (Euphorbiaceae) em caprinos

Cnidoscolus phyllacanthus (Euphorbiaceae), com nome popular de favela, é uma planta normalmente espinhosa comum na caatinga. É considerada como forrageira e os animais, principalmente durante a seca, consomem as folhas que estão ao seu alcance ou as folhas secas caídas. A intoxicação espontânea por...

Full description

Saved in:
Bibliographic Details
Published in:Pesquisa veterinária brasileira Vol. 28; no. 1
Main Authors: Oliveira, Diego M.(UFCG Centro de Saúde e Tecnologia Rural Hospital Veterinário), Pimentel, Luciano A.(UFCG Centro de Saúde e Tecnologia Rural Hospital Veterinário), Araújo, José A.S.(UFCG Centro de Saúde e Tecnologia Rural Hospital Veterinário), Rosane, M.T. Medeiros(UFCG Centro de Saúde e Tecnologia Rural Hospital Veterinário), Dantas, Antonio F.M.(UFCG Centro de Saúde e Tecnologia Rural Hospital Veterinário), Riet-Correa, Franklin(UFCG Centro de Saúde e Tecnologia Rural Hospital Veterinário)
Format: Journal Article
Language:Portuguese
Published: Colégio Brasileiro de Patologia Animal - CBPA 2008
Subjects:
Online Access:Get full text
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
Description
Summary:Cnidoscolus phyllacanthus (Euphorbiaceae), com nome popular de favela, é uma planta normalmente espinhosa comum na caatinga. É considerada como forrageira e os animais, principalmente durante a seca, consomem as folhas que estão ao seu alcance ou as folhas secas caídas. A intoxicação espontânea por esta planta é relatada por fazendeiros no semi-árido quando animais têm acesso a plantas ou ramos recentemente cortados. Diferentes partes da planta moídas e secas, diluídas em água, são utilizadas por caçadores para matar pássaros. Para determinar a toxicidade de C. phyllacanthus, folhas verdes de plantas sem espinhos foram administradas a uma cabra em pequenas quantidades por via oral. Após o consumo de 4,7g por kg de peso do animal (g/kg) a cabra apresentou taquicardia, taquipneia, dispnéia, nistagmo, opistótono e decúbito esterno abdominal seguido de decúbito lateral. A morte ocorreu 30 minutos após o começo dos sinais. Folhas frescas de plantas sem espinho foram administradas a 8 caprinos em doses de 0,5-2,5g/kg sem que causassem sinais clínicos. Três animais apresentaram sinais clínicos após a ingestão de 3g/kg. Os sinais clínicos foram similares aos observados na intoxicação por ácido cianídrico e dois animais tratados com uma solução de tiossulfato de sódio a 20%, na dose de 0,5ml/kg se recuperaram rapidamente em seguida ao tratamento. O terceiro recuperou-se espontaneamente. Folhas das mesmas plantas foram secadas ao sol durante períodos varáveis de 8-30 dias. O caprino que ingeriu a planta que tinha sido secada por 8 dias morreu após a ingestão de 3g/kg. O caprino que ingeriu a planta secada por 9 dias apresentou sinais clínicos após a ingestão de 1,13g/kg e se recuperou. Os caprinos que ingeriram a planta exposta ao sol por 10-29 dias apresentaram sinais clínicos após a ingestão de 3g/kg e se recuperaram espontaneamente ou mediante tratamento com tiossulfato de sódio. O caprino que ingeriu a planta que tinha sido exposta ao sol por 30 dias não apresentou sinais clínicos. Em outro experimento, 4 caprinos receberam uma dose de 3g/kg de folhas da planta triturada e seca ao sol por 1, 2, 3 e 4 dias. Os animais que receberam as folhas que tinham sido dessecadas por 1, 2 e 3 dias apresentaram sinais clínicos leves e se recuperaram espontaneamente. O caprino que ingeriu a planta exposta ao sol por 4 dias não apresentou sinais clínicos. Folhas da planta sem espinho utilizada nos experimentos, 20 amostras de folhas de plantas com espinhos, 5 amostras de raspa do caule e 2 amostras de frutos foram positivas para ao teste do papel prosódico para HCN. Após o final da época das chuvas, folhas maduras e secas, que cairiam das árvores em um curto período foram negativas para HCN. Esses resultados demonstraram que C. phyllacanthus é uma planta cianogênica que causa intoxicação após a ingestão da planta fresca. Após serem arrancadas as folhas íntegras mantêm a toxicidade por até 30 dias e as folhas moídas por até 3 dias. Com base nessa informação são recomendadas medidas de profilaxia da intoxicação para a utilização da planta como forrageira. Cnidoscolus phyllacanthus (Euphorbiaceae), with the common name favela, is a generally spiny plant of the Brazilian semiarid. Mainly during the dry season livestock browse its leaves from the shrubs or ingest the dry leaves fallen to the ground. Farmers report the spontaneous poisoning by this plant when livestock has access to shrubs or branches that had been cut. Different parts of the ground fresh plant, diluted in water, are used by people in the semiarid to hunt birds. To determine the toxicity of C. phyllacanthus, leaves of the non-spiny plant were fed by hand to a goat by putting small amount into its mouth. After the consumption of 4.7g/kg body weight, the goat had tachycardia, tachypnoea, dyspnoea, nystagmus, opisthotonos and sternal recumbence. The death occurred 30 minutes after the onset of clinical signs. Fresh leaves from the same plants were given to 8 goats at doses of 0.5-2.5g/kg without causing clinical signs. Three goats showed clinical signs after the ingestion of 3g/kg. Clinical signs were similar to those observed in cyanide poisoning. Two goats given 0.5mg/kg of a 20% solution of sodium thiosulphate recovered immediately after treatment. Another goat recovered spontaneously. Leaves from the same plants were sun-dried during variable periods for 8-30 days, and then given to 8 goats. The goat that ingested the plant dried at the sun during 8 days died after the ingestion of 3 g/kg. The goat that ingested the plant, exposed to the sun for 9 days, showed clinical signs after the ingestion of 1.13g/kg, but recovered spontaneously. The goats that ingested the leaves exposed to the sun during 10-29 days showed clinical signs after the ingestion of 3g/kg, but recovered spontaneously or after treatment with sodium thiosulphate. No clinical signs were observed in the goat that ingested the plant that had been exposed to the sun during 30 days. In another experiment ground leaves of the plant were dried at the sun for 1, 2, 3, and 4 days and given to goats at the dose of 3g/kg. Goats that received the plant dried for 1, 2 or 3 days showed clinical signs, but recovered spontaneously. The goat that ingested the plant dried 4 days showed no clinical signs. Leaves of the spineless C. phyllacanthus used in the experiments, 20 samples of leaves from spiny plants, 3 samples of the ground plant stem, and 2 samples of fruits were positive with the picrosodic paper test for HCN. These results demonstrated that C. phyllacanthus is a cyanogenic plant. After being cut the entire leaves maintain their toxicity for up to 30 days, and the ground leaves for up to 3 days. After the end of the raining season dry leaves fallen to the ground and tested within a short period were negative for HCN. These results have to be taken into account for the use of C. phyllacanthus as forage.
Bibliography:10.1590/S0100-736X2008000100006
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X2008000100006
ISSN:0100-736X
DOI:10.1590/S0100-736X2008000100006